quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sobre ônibus e gatos

Esperava o ônibus, com um gato miserável nos braços. Um gato feio e magro.
Poderia ser o menino mais triste com o gato mais feio do mundo.
Não pagaria passagem, de certeza. Sempre passou por debaixo da roleta sem reclamações do cobrador. Embora tivesse onze anos, o tamanho e a magreza lhe deixavam com corpo de criança de bem menos que isso.
A rota era a mesma, no mesmo horário, o motorista era o mesmo. O cobrador também. O menino continuava o mesmo, porém agora tinha um gato.
Ele sabia que ninguém lhe cobraria a passagem, mas e o gato? Deixariam o gato ir sem pagar? Tinha uns trocados que ganhara da mãe para comprar pão. Aliás, deveria voltar da aula com o pão, e não com um gato.
Gato feio. Gato pobre. Gato sem comida. Magro. Mas cabia direitinho no colo do menino, mais magro ainda. O gato se aninhava, como se nunca tivesse ganhado um colo em toda a vida.
Chega o ônibus.
- Deixa o gato! – Berra o motorista
- Eu pago pra ele... choraminga o tristonho guri.
- Gato não anda de ônibus, moleque! – Ele reconheceu a voz do cobrador ecoando no ônibus quase vazio. – Gato faz xixi e fede. Deixa ele, ou vai a pé pra casa hoje.
- Mas agora ele é meu amigo! – hesitou e soltou o que lhe agoniava há muito tempo - e você também fede!
Virou as costas e foi para casa a pé, sem pão e com o gato.

4 Participações especiais:

Natália disse...

Oxe, meu deuso, fiquei com pena, apesar de eu nem gostar de gatos.

:**

Mateus disse...

Todos os gatos são pobres. Até mesmo os mais finos, são pobres.
Todos dizem: pobre gato.

Deise Rocha disse...

gostei...
típico de crianças! Fofo.

Anônimo disse...

Ola quase todo dia leio seu blog, mas nunca entrei em contato comtigo, me inspiro nele para ideias de textos par o site de minha banda.

eltongunner@hotmail.com